Quem somos nós?
Naquele dia de sol, o estrondo, a fumaça e de repente a Voyager sobe deixando atrás de si a sua casa. Era 5 de maio de 1977, e agora 42 anos depois, ela já saiu da área de influência do Sol e está há mais de 20 bilhões de quilômetros da Terra.
Vejamos as reflexões feitas pela equipe de Carl Sagan, um dos mais brilhantes astrônomos de todos os tempos que está gravada em um disco de ouro dada a sua importância:
“A espacionave estava muito longe de casa. Eu pensei que seria uma boa ideia, logo depois de Saturno, pararmos um pouco e fazê-la dar uma última olhada para trás na direção da Nossa Casa.
Olhando de Saturno, a Terra parecia muito pequena para que a Voyager pudesse ver qualquer detalhe. O nosso Planeta parece ser apenas um solitário ponto de luz perdido na distância, dificilmente distinguível de tantos outros pontos luminosos que a Voyager avistava; planetas vizinhos, e sóis um pouco mais distantes.
Mas justamente por causa desta imprecisão do nosso mundo assim revelado, valeria a pena olharmos tal fotografia. Já havia, era sabido por cientistas e filósofos da Antiguidade Clássica, que a Terra não era mais que um ponto quase invisível na escura vastidão cósmica.
Mas ninguém jamais a tinha visto assim, e esta era a nossa primeira e talvez a última chance nas próximas décadas de percebê-la como era, e então, ali estava um mosaico quadriculado de planetas, e um fundo pontilhado de estrelas distantes.
Por causa do reflexo da luz do sol na espacionave, a Terra parece estar apoiada num raio de sol, como se este pequeno asteroide tivesse alguma relevância especial, mas é um mero acidente da ótica.
Não há nenhum sinal de humanos nesta foto, nem as modificações que fizemos na superfície terrestre, nem as nossas máquinas e muito menos haviam evidências de nós mesmos em lugar nenhum.
Vista de tão longe, a Terra não parece levantar nenhum interesse especial, mas para nós é diferente.
Imagine novamente este pequeno ponto!
Ele está lá em algum lugar como a rosa do Pequeno Príncipe! É o nosso lar. Somos nós. Nele, está todos a quem você ama, todos aqueles que você conhece, todos de quem já ouviste falar, todos os seres viventes ou que já viveram as suas vidas.
Toda a nossa mistura de alegrias e sofrimentos, milhares de religiões, ideologia e doutrinas, todos os caçadores e caçados, cada herói covarde, cada criador e destruidor de civilizações, cada rei e cada camponês, cada casal apaixonado, cada mãe, cada pai, cada vovó e cada vovô, cada criança com seu coraçãozinho cheio de esperança, cada inventor e cada explorador, cada ser moral, cada corrupto, cada “superastro” e cada líder supremo.
Todos os santos e pecadores da história da nossa espécie viveram aqui, neste anônimo grão de poeira suspenso no ar, num raio de sol e que por nós é chamado de Terra.
A Terra é um palco pequeno demais nessa imensa arena cósmica.
Pense nos rios de sangue derramados por todos os generais, inimigos e imperadores, para que na glória triunfem e se imaginem “senhores do seu tempo” numa parte deste ponto e por fagulhas de eternidade.
Pense nas crueldades dos habitantes deste ponto quase invisível contra os semelhantes de outros rincões, no quão frequentes são seus desentendimentos, no quão dispostos estão para matar uns aos outros e no quanto são inflamados pelo ódio.
Pense na postura dos que estão manchados pela arrogância, quando se acham numa posição privilegiada do Universo. Tudo isto, põe em dúvida a graça do jardim secreto deste pálido recanto de luz.
O nosso Planeta é um pontinho solitário que flutua na vasta escuridão cósmica. Em nossa habitual cegueira em toda esta imensidão, não há nenhum indício, de que, de algum outro mundo virá um socorro e nos salve de nós mesmos.
Somente o nosso próprio amor poderia nos salvar.
A terra é, até agora, o único mundo conhecido que abriga a vida. Não há nenhum outro lugar, ao menos “não” em um futuro próximo, para onde a nossa espécie possa migrar.
Para visitar, sim. Mas para vivermos, ainda não.
Gostemos ou não, a Terra é o único lugar onde podemos viver. Dizem que a astronomia molda o caráter e nos ensina a humildade. Certamente não há qualquer outra coisa que demonstre tão claramente as vaidades humanas, o quão minúsculo e pequeno é o nosso mundo.
– Para mim, Carl Sagan, isto revela a imensa responsabilidade em nos relacionarmos gentilmente com o próximo, porque é “nele” que amamos este pálido ponto azul, o nosso Criador, os irmãos da nossa grande família humana, os seres evoluintes que são os nossos vizinhos no único lar possível quer é a nossa frágil casa terrena.
Curvo-me diante da sua paradoxal grandeza, e me pergunto ao que serve as nossas diferenças? Afinal, não é em torno delas que as relações se desenham e fortalecem? O que é mais importante do que as coisas vividas neste “planeta ponto” (.) que se esconde entre as estrelas?
Assim eu “me convido” para celebrar com você os seus dias, cada minuto, cada segundo de sua vida e das coisas que você ama!
Bom dia existência!!!
Parabéns.