Blogoterapia

É um blog sobre psicoterapia, filosofia, arte e o sentido da vida para passar um conteúdo dinâmico e diário, para troca de conteúdos que possa ser terapêutico.

O nosso amor de cada dia

Maria estava fazendo as unhas enquanto conversava com outras mulheres e falavam dos seus maridos. Cada uma falava de como estavam cheias e enjoadas dos seus homens e de como perderam por eles o seu resto de desejo.

Hoje sabemos que o maior desejo das mulheres é o desejo de ter desejo. O desejo de retomar o interesse perdido em casamentos que foram se tornando tão sem graça e sem sabor que agora é como dançar com a própria irmã.

Estava ali, portanto, cerca de uma dezena de mulheres e cada uma escolhia a sua cor preferida. Algumas queriam tons mais laranja e outras, verdes, vermelhos e azulados, mas cada uma com seu tom preferido e nestas coisas elas ainda podem expressar a sua liberdade de escolha.

Outra silenciosamente lia um livro, que logo depois se rendeu ao tumulto, o fechou e passou a prestar atenção à conversa animada das amigas que de certa forma, acabava tudo em risadas e diversão.

Entre lixas, cores, alicates e unhas, algumas falavam de traições e as duas mulheres que estavam perto de Sheila, comentavam sobre a falta de desejo de ter desejo, do sexo com seus maridos e do quanto elas já não estavam mais entusiasmadas e nada que fosse apenas rotina.

Para uma jovem estudante que nem sequer tinha conseguido agendar um horário no salão, mas tentava ser atendida porque tinha sido convidada para uma entrevista profissional e esperava um encaixe, tudo aquilo era terapêutico e se tratava de uma realidade completamente nova.

Ela estava num mundo novo, o mundo das mulheres que o tempo tornou insatisfeitas. Ela tinha uma ligeira impressão de que sua experiência era mais realista para ela do que todas aquelas falas e dos artigos que lia de maneira furtiva na Revistas Caras, nas Cláudias, Novas e folhetins, enquanto esperava o esteticista e sentia os perfumes do ar, se perguntava em que deveria acreditar, o que fazer, como e quando.

Resolveu manter fechado seu livro de trabalhos universitários embora olhasse a capa com certa culpa porque precisava continuar a leitura, mas era impossível porque o salão de certa forma era um misto de terapia de grupo, de festa e de balada e preferiu simplesmente escutar e tentar aprender alguma coisa das coisas sem importância que ouvia.

Para alguém mais nova, de pessoas de idades diferentes não há tanto o que aprender porque outras pessoas têm outras experiências, quase sempre contadas sobmedida e as experiências quase sempre são coisas pessoais e intransferíveis e cada um sente o que sente de forma especial e sente exatamente como pode e deve sentir.

Cada um sabe a dor e a delicia de ser o que é.

Mulheres e homens falam de coisas parecidas e às vezes a gente nem se dá conta do quando estamos cansados no final do dia! É como se depois que as crianças vão para a cama e seu cônjuge chega, não tivéssemos mais um pingo de força, a não ser para se sentar e ver um pouco de televisão entre cochilos, enquanto se responde algumas mensagens e o outro conclui as ultimas coisas do dia.

No meu caso, nem sequer com esforço conseguiria fazer nada, disse alguém. Todavia estou emagrecendo após dar a luz a um bebe e já não me sinto mais tão sexy. Eu mal consigo ficar nua diante do espelho, imagine então diante do meu marido. Meu marido fica boquiaberto diante da Dami Moore e numa festa de aniversário de formatura, ficou assustado com o estrago que o tempo fez com as colegas de faculdade.

Acho errado, por outro lado, me comportar de uma forma artificial que não é como eu me sinto de verdade.

Egoísta seria um bom adjetivo light, uma palavra suave para o que eu acho dele. Talvez eu tivesse menos interesse em sexo se ele se ocupasse em me ajudar a olhar as crianças quando chega em casa à noite ou fizesse o nosso jantar de vez em quando.

Talvez ao contrário e melhor ainda, eu tivesse mais interesse por sexo e por ele, e se eu pudesse ficar ao menos um pouco mais livre.

Talvez ele pudesse ajudar comprando o leite para as crianças no caminho de volta para casa quando retornasse do trabalho! Não creio que seja pedir muito e ele nem deveria esperar que eu pedisse, mas tem horas em que ele parece se esquecer de que ele tem família. E pensando melhor agora, acredito que não fizemos nada de prazeroso e bom para nós nas ultimas semanas, concluiu Sheila.

Na verdade, aquelas mulheres não estavam casadas, mas viviam com um tipo que dormiam em suas camas. Podiam ter sexo quando bem quisessem, mas não sentiam vontade! Mas elas já não tinham mais vontade? O desejo morreu! A vida de casada perdera completamente o sentido para a maioria delas. Era como ter uma sobremesa deliciosa com zero de calorias, um pedaço de bolo proibido e guardado um na geladeira.

Elas têm marido, mas não tem sexo, não têm amor e vivem sozinhas há anos. O marido de Joana passou um mês no exterior e quando ia voltar ela se deu conta de que o trapalhão estaria de volta para bagunçar a casa. Joana percebeu que gostaria de continuar sozinha e naquele momento, mais conhecimentos sobre uma relação amorosa tiraria Ana de si mesma.

Que pena! Que desperdício! Que estupidez! Quando me casei, queria ter sexo com meu marido toda hora! Ele também parecia que nunca estava cansado por nada deste mundo e queria mais demonstração do amor de sua companheira.

Enquanto me colocavam a última camada de tinta sobre as unhas, jurei a mim mesma que no seria como aquelas mulheres, que a minha vida seria diferente. Eu seria melhor comigo mesma e que não precisaria me sentir uma mãe modelo, nem uma empregada doméstica e nem precisaria ficar cansada como uma velha para me tornar desinteressante e fugir do sexo e do prazer. E foi assim que eu decidi crescer.

Fazer amor, ter relações, ter desejo e prazer é tudo o que uma garota como eu imaginava, pensou Mariana. Na verdade eu coloquei creme demais na receita, quando eu e ele nos casamos, viajei, criei expectativas. Logo depois tivemos um filho e estava tão cansada que me doíam os ossos.

Houve um tempo em que me senti gorda, acrescentou Virginia. Inclusive, quando perdi os quilos que eu tinha engordado durante a gravidez me sentia estranha e diferente de mim. Fiquei como uma flor que se corta e é deixada ao sol, e que embora fosse bonita, estava um tanto marcha.

Distanciei-me um pouco de mim. Comecei a dormir sem nos falarmos e sem se quer trocar um beijo. Um dia, enquanto lavava os pratos, me dei conta de que tínhamos passado dez dias sem nos tocarmos e sem um beijo. Era um distanciamento longo demais para nós. Porém o que mais me incomodava era que não sentíamos falta um do outro e nem nos entristecia.

Dei-me conta de que havia um abismo, um problema enorme e real entre nós. Eu resolvi que deveria mudar. Eu não queria me separar. Ninguém se casa para viver só! Assim que a noite chegou, eu fiz o nosso bebe dormir, servi-lhe o drinque e dirigi a ele um olhar mais sedutor e sexy.

Eu tenho aprendido que, certo ou errado, quem decide as relações são as mulheres, as mulheres inteligentes não se separam sem tentar consertar as coisas erradas das suas relações.

Tony Campollo, um pastor americano que foi mencionado no livro “O Monge e o Executivo” prescrevia aos casais em crise para que voltassem a se comportar, “ainda que mecanicamente”, como se comportavam nos primeiros meses de relacionamento quando se conheceram. Como?

Eu e ele andávamos de mãos dadas e nos namorávamos mais, eu o elogiava e ele me elogiava e declarávamos mais facilmente todo o nosso amor. Naquele tempo existia uma fartura de beijos e caricias. Tínhamos mais paciência e mais educação um com outro. Trocávamos presentes, passeávamos, éramos mais gentis e mais educados.

Campollo comprova que depois de algum tempo aquele comportamento “artificial” de mera cortesia se ungia por um velho e esquecido amor e o casal se aproximava e se reamorizava e a relação reavia um antigo encanto, a velha esquecida gentileza, a delicadeza e cortesia e foi isto que aconteceu conosco! Disse a cliente.

As crianças adoram ver seus os pais apaixonados! Isto lhes dá segurança!

Na natureza, diferentemente do que sonhamos nós, os velhos feministas: o homem é o caçador e a mulher é caça. Se a mulher pressiona o homem por sexo, ele fracassa e pode começar a fugir da relação por medo. A caça não deve comer o caçador para não inverter a ordem natural do amor e isto não é absolutamente algo novo para terapeutas como eu trabalhando a mais de 35 anos com casais.

A mulher pode atacar sim, porém seduzindo, fazendo o canto da sereia, e esta é mais a sua função natural. Ela seduz e provoca, e o homem “ataca” e a sexualidade vira!

Percebi que ele gostava de me ver nua e que ficava louco por mim, disse-me a cliente! E eu comecei me expor, a usar a minhas camisolas que eu guardava nem sei para quê. Eu desfilava e sentia o “interesse” dele crescer por mim, e o “interesse” dele ficava enorme e muito bonito, ria… E eu me queimava pelas chamas de amor e as coisas aconteciam e era mágico!

A mulher inteligente se cuida e não deixa as brasas do amor se apagarem e faz isto de uma forma especial, e ele sequer se dá conta disto, mas que importância tem isto, se o sentido da vida é ser feliz?

Pense nisto!

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José Carlos Vitor Gomes Psic.

José Carlos Vitor Gomes Psic.

Atua como psicoterapeuta, psicoterapeuta familiar e de casal desde 1979. Fez cursos de especialização nos Estados Unidos, Argentina, Colômbia, Itália e no Brasil. Foi um dos pioneiros na divulgação da psicoterapia familiar no Brasil. Foi organizador de 53 eventos com celebridades nesta área com a participação de mais de vinte mil profissionais brasileiros.

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