Blogoterapia

É um blog sobre psicoterapia, filosofia, arte e o sentido da vida para passar um conteúdo dinâmico e diário, para troca de conteúdos que possa ser terapêutico.

O ciúme homossexual

Uma paciente me contou que tem um namorado ciumento, e que ele, por nada deste mundo consegue confiar nela, embora nunca tenha achado nada de errado na história de vida dela que justificasse a sua desconfiança, simplesmente porque ela é uma pessoa correta e não há o que ser encontrado de errado em sua vida pessoal.Para ele, as mulheres são seres idiotas a serem chicoteados e …que não sabem se defender contra os “homens”, como se todos os homens fossem tarados e bichos papões.

O ciumento convicto acha que os homens podem tudo e “pegam” todas as mulheres “sem exceção” e não acredita na amizade entre homens e mulheres, além de achar que as pessoas não têm o que fazer na vida a não ser em sexo e este é um pensamento machista e preconceituoso.

Eu pensei no que orientar e não me veio à mente nada criativo, e eu não queria usar coisas do senso comum para não parecer se tratar de opinião pessoal demais, e então fui buscar pareceres das psicologias e descobri algumas coisas interessantes que, na verdade, nem são de fato novas, e que, no entanto, parecem tão verdadeiros que resolvi aproveitar na orientação específica daquela pessoa.

Existe, na verdade, dois tipos de homem: temos os homens “homens” e temos os sacos de batata.

Os homens “homens” são mais seguros e acreditam em si mesmos e em seus sentimentos.

Eles sabem que se a mulher o traísse ou lhe faltasse com o respeito e saísse por aí caçando relacionamentos ilícitos, se ele for inteligente e sensível de verdade, ou seja, se este for conectado e amar de verdade, ele vai perceber o que há de errado, e poderá até procurar evidencias e verificar e não precisará “delirar”.

Então ele poderá “fotografar”, “filmar” ou simplesmente “flagrar” os delitos e o que houver de errado. Poderá denunciar isto para ela mesma e aos seus familiares.

Ficaria melhor assim, uma vez que, de posse dos fatos tudo fica mais fácil e contra fatos não há argumentos!

Outra coisa são “os sacos de batatas”. Estes são os homens que menosprezam a inteligência das suas companheiras porque, na verdade, as suas desconfianças não têm nada a ver com elas, mas têm a ver com as suas próprias “inseguranças” íntimas. Eles se passam às vezes por espertos e muitas vezes por tontos, porque ao falarem das hipotéticas traições do outro, eles mostram mais as suas próprias inseguranças e fragilidades.

Quando isto acontece com as mulheres, tudo é rigorosamente igual. Uma coisa é um parceiro psicopata ou com defeitos de caráter, outra coisa são as pessoas mal terapisadas, aquelas que não cuidam das suas emoções e nem das suas cabeças, assim como não cuidam dos seus próprios dentes e da sua higiene pessoal, e aí ficam “enchendo os sacos” dos seus parceiros, namorados, noivos ou cônjuges, que em geral eles mal conhecem porque ficam com os olhos vendados pelas inseguranças.

Esses parceiros “doentes” de ciúmes são daqueles que “não dançam e nem desocupam o salão”, não acreditam nos parceiros, mas também não se separam. Ficam juntos, mas também não confiam e assim não estão juntos de verdade.

De fato ninguém suporta gente assim e nenhuma relação sobrevive com esse tipo de coisa, pois esses parceiros enjaulam-se uns aos outros e se privam das mais simples liberdades, vasculhando e-mails alheios, rondando redes sociais ou celulares à procura das coisas erradas “que eles esperam encontrar” e distorcem o que encontram para se passarem por vítimas e depois quase choram dizendo; “pobre de mim!”.

Na verdade, eles têm uma espécie de tesão com tudo isto, mas não encontrariam nada porque estas coisas que eles sonham encontrar e procuram avidamente, não estão na intimidade do outro, mas na cabeça deles próprios, e infelizmente, estes são daqueles que não acreditam em terapias e terapeutas e na verdade, não acreditariam em nada e nem sequer em Deus, muito menos nas pessoas!

Na minha experiência tenho notado que estes pacientes são “homossexuais latentes” e por isto ofendem o parceiro do sexo oposto porque não gostam do sexo oposto e deliram usando a sua vida homossexual oculta e inconsciente.

Por outro lado, eles acham que têm um rival, que na verdade é um rival imaginário ou um fantasma que eles mesmos constroem, alguém do seu mesmo sexo que é tão incrivelmente gostoso e irresistível que os seus parceiros não poderiam passar pela vida sem conhecê-los. Sendo esse parceiro um homem, trata-se de uma admiração oculta por outro homem. Sendo mulher; trata-se de uma admiração oculta por outra mulher, assim, o cimento delirante, é antes de mais nada um inimigo do sexo oposto e, portanto é um homossexual velado.

Não existe nada contra as preferências sexuais humanas e nem contra os homossexuais de carne e osso, mas temos tudo contra as paranoias e os parceiros fantasmas dos ciumentos homossexuais latentes, destes que ficam com parceiros heterossexuais só para dar trabalho e torrar a paciência dos seus companheiros, das suas vítimas, destas pessoas com quem eles não ficam de verdade porque não confiam nelas, mas também não se desgrudam delas porque são inseguros e sabem que, se estão mal com seus parceiros, pior ficariam sem eles.

Mas o que é pior, como afirmamos antes, é que esse tipo de pessoa não confia em terapias e terapeutas e não são saudáveis e nem humildes o suficiente para buscarem ajuda.

Para esses problemas não existem soluções, porque não se procura pelo remédio certo e para alguns seres, tudo fica paradoxal e tudo fica difícil e até mesmo a tentativa de ajuda consegue atrapalhá-los e a solução vira problema.

O que se pode fazer então é aceitar e aprendermos a ser infelizes com eles, pois afinal, a infelicidade é uma arte, e muitos são os casais que se autossabotam e que estão se casando apenas para encontrar uma justificativa para sofrerem e para serem cada vez mais infelizes.

Desejamos-lhes; boa sorte!

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José Carlos Vitor Gomes Psic.

José Carlos Vitor Gomes Psic.

Atua como psicoterapeuta, psicoterapeuta familiar e de casal desde 1979. Fez cursos de especialização nos Estados Unidos, Argentina, Colômbia, Itália e no Brasil. Foi um dos pioneiros na divulgação da psicoterapia familiar no Brasil. Foi organizador de 53 eventos com celebridades nesta área com a participação de mais de vinte mil profissionais brasileiros.

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