Blogoterapia

É um blog sobre psicoterapia, filosofia, arte e o sentido da vida para passar um conteúdo dinâmico e diário, para troca de conteúdos que possa ser terapêutico.

O amor é uma escolha.

Relacionamentos a gente não escolhe muito. Porque a vida a sociedade, os encontros, nos impõem relacionamentos. Mas o amor é uma escolha. E é uma escolha ética. É impossível amar sem ética. Os relacionamentos entre os casais, que ainda aparecem muito nos consultórios, para que eles deem certo, eles precisam de ética.

Pois bem, um casal, seja ele hétero ou homossexual, mas vão viver juntos e casados, a relação entre eles precisa ter três características: um relacionamento conjugar precisa ter sexo, precisa ter amor e precisa ter capacidade de negociação. As

três coisas estão relacionadas entre si, e uma faz com que a outra funcione. Quando a sexualidade é boa, a comunicação é boa, existe amor e existe uma boa capacidade de negociação.

A gente negocia tudo na vida. A cada instante, tudo o que a gente faz é negociação e renegociação das coisas, em seus mais ínfimos detalhes, por exemplo, se vai pedir uma pizza, de onde ela vem, qual é o sabor, se vai ser paga com cartão de crédito ou não, que hora ela será pedida e de que pizzaria ela deve vir, enfim e apenas para colocar um detalhe, a negociação, esta capacidade de negociar e renegociar as coisas nos seus mínimos detalhes, é o que faz com que uma relação seja saudável, e esta negociação perpétua das coisas nas relações conjugais, elas exigem que a comunicação seja boa. Quando não se tem uma boa comunicação, não existe capacidade de negociação e os conflitos se tornam evidentes.

Também quando não existe uma boa comunicação, a sexualidade se deteriora, não é boa, e o amor aqui é definido como uma escolha ética, que só é possível quando existe uma boa comunicação.

Pois bem, quando digo que o amor é uma escolha e que é uma escolha sempre ética, que um casamento sem ética não existe e que o amor sem ética não existe, eu estou querendo dizer por exemplo, o seguinte, que quando uma pessoa vai andando pela rua, está sozinha, ela pode ver uma pessoa interessante e como ela está sozinha, ela pode achar que pode tentar alguma coisa, e se ela faz isto por estar sozinha, isto se chama falta de ética, quando você está na rua e chupa uma bala ou um sorvete e você olha para os lado e não vê ninguém e você joga o papel da bala ou sorvete na rua, isto é falta de ética.

Um comportamento ético para relacionamentos é quando você faz realmente uma escolha, e quando você faz uma escolha você elege esta pessoa que você escolheu, como única no mundo. Ela é insubstituível, única e você então tem em relação

a com ela algumas coisas, por exemplo fidelidade, e quando você ama, a fidelidade nem precisa ser cobrada porque ela é uma coisa espontânea e inerente ao relacionamento, então a fidelidade é uma capacidade exclusiva de alguém que ama, e que escolheu o outro como alguém único no mundo.

Quando existe uma traição, mesmo que seja ocasional, naquele momento em que houve a traição, esta pessoa que era escolhida, deixou de ser a escolhida e já não é mais a única no mundo, naquele momento ela deixou de ser respeitada, e deixou de existir como ser escolhido. Naquele momento, você escolheu outra pessoa. A lealdade que uma outra característica, é quando você, ao fazer uma coisa que você julga que não foi ética e que não foi boa, você precisa precisaria confessar dizendo “olha eu fiz uma coisa que eu não gostei e quero que dizer” e isto se chama lealdade.

Mas quando eu digo que o amor é uma escolha e que a pessoa que eu amo foi um ser escolhido, isto é muito sério porque eu estou considerando esta pessoa como única e irrepetível no mundo. Não existe uma outra pessoa igual no mundo, por isto ela

foi escolhida em meio de bilhões de pessoas, para ser a minha companhia, este companheiro existencial, – não estou entrando em valores se isto é bom ou ruim, o que o feminismo acha ou não.

O fato é que, em sendo amor uma escolha, as pessoas ficam ligadas por uma energia muito interessante, esta energia que temos chamado de ressonância mórfica, e então as pessoas que se amam ficam impossibilitadas de mentirem.

Quando existe amor, é impossível mentir, porque esta qualidade do relacionamento, faz com que a pessoa que foi traída, seja informada instantaneamente sobre o que está acontecendo, é por isto que muitas vezes, quando uma pessoa está numa situação de traição, às vezes, o homem saiu, é uma tarde sábado, e ela está em casa fazendo uma receita, um crochê ou vendo televisão, e, de repente, começa lhe ocorrer pensamentos do tipo: “O que será que o fulano pode estar fazendo agora? O que a fulana está fazendo agora?

E aí eventualmente o telefone toca e ela pergunta: “Fulano onde você está? O que você está fazendo? O que aconteceu é que, de repente, esse desconforto, às vezes, continuamente para aquele que desconfiou da relação, que percebeu algo e entrou em contato com o seu ser amado, porque percebeu uma ameaça na relação.

Pois bem, estas coisas foram profundamente estudadas por pessoas como: Rupert Sheldrake, Bert Hellinger, Viktor Frankl e várias pessoas estudaram estas questões. E quando ocorre uma traição, então aquela pessoa que naquele momento deixou de ser única, e que deixou de ser a escolhida, pois naquele momento a escolha passou a ser outra, esta pessoa: – e isto que eu vou dizer, é muito interessante – porque se ela foi traída, o fenômeno do “equilíbrio entre o dar e o receber”, faz com que, para que a relação continue dando certo, a pessoa que foi traída tenha a necessidade – e frequentemente isto acontece -, de também trair para equilibrar a relação.

Porque senão a relação fica desequilibrada, aquele que foi traído, vira “a vítima” que fica julgando o outro que foi “o traidor”, então a relação fica desequilibrada

e fica impossível caminhar para frente assim. A vítima se torna aquele que julga, torna-se a mãe ou pai na relação, e o outro se torna o filho, o julgado, o condenado, e aí, a relação desequilibrada, acaba com a sexualidade e com o interesse das pessoas em relação a si mesmos. Perdem o interesse. Então a pessoa traidora, na verdade, o que ela faz? Ela induz o seu parceiro a traí-lo também como forma de reequilibrar a relação.

Então, resumindo para fechar um pouco a nossa reflexão, a mentira fica impossível quando o relacionamento é sério. E nós temos relacionamentos sérios e não sérios, aqueles que são brincadeiras, e temos relacionamentos íntimos e sem compromisso. É impossível você ter um relacionamento sério sem ter um bom vínculo e sem compromisso. É impossível um relacionamento de amor, uma relação conjugal sem a existência de uma ética. Sem ética não se ama. É impossível amar sem ética, sem fidelidade ou sem lealdade.

O amor é uma escolha, e por ser uma escolha, elegemos a outra pessoa como companheiro existencial. E no momento que a pessoa trai, ela deixou por um

instante de honrar a sua escolha e de continuar escolhendo esta pessoa escolhida. Naquele momento, mesmo que seja por um breve momento, a relação deixou de existir. Ela acabou. Ela não existe mais, e esta ameaça é comunicada instantaneamente ao outro, e então o traído é informado por ressonância mórfica, uma coisa parecida a uma intuição.

Ela quase tem certeza, mas não consegue afirmar, e tem uma desconfiança séria, o que precisa ser diferenciado dos ciúmes paranoicos, mas ela sabe que foi traída, e para que a relação continue, esta pessoa é chamada a também fazer traições – e ela pode não fazer – e se ela não o fizer por ter perdoado, mesmo assim a relação fica comprometida. Sabem porquê? Porque perdoar é algo muito complicado. O perdão coloca o perdoador numa relação de superioridade. Ele olha para aquele que foi perdoado com um olhar de condenação e a relação a partir dali não será mais a mesma.

Então, para que uma relação continue e dê certo, para ser algo que nos façam felizes enquanto dura, ela precisa ser baseada numa ética.

José Carlos Vitor Gomes

José Carlos Vitor Gomes Psic.

José Carlos Vitor Gomes Psic.

Atua como psicoterapeuta, psicoterapeuta familiar e de casal desde 1979. Fez cursos de especialização nos Estados Unidos, Argentina, Colômbia, Itália e no Brasil. Foi um dos pioneiros na divulgação da psicoterapia familiar no Brasil. Foi organizador de 53 eventos com celebridades nesta área com a participação de mais de vinte mil profissionais brasileiros.

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