MINHA MÃE; MINHA SÁBIA MÃE!
Preciso te confessar uma coisa…
É que eu já começo a ter medo da minha saudade!
O dia das mães está aí batendo às portas.. e isto decanta em mim uma inevitável reflexão.
Minha mãe, é uma humilde camponesa, totalmente analfabeta, pois em seu tempo, as mulheres eram impedidas de estudar porque os velhos machistas, acreditavam que a vida delas seria no exílio dos seus lares, cuidando de filhos e de maridos que nem sempre eram gentis.
Do alto de sua sabedoria, já completamente surda, com demência senil e aos 93 anos de idade, em um dos seus raros momentos de lucidez disse-me que: “O QUE NOS MATAM NÃO E A NOSSA IDADE!”, sugerindo que morrer, é viver uma vida-morta, uma vida vazia quando a gente se perde tanto, que consegue morrer sem se desencarnar, quando a vida perde tão completamente o sentido e que deixamos ir a nossa capacidade de existirmos de verdade e de despertarmos cada dia vivendo significativamente.
Há alguns dias atrás, se referindo ao abandono de amigos e parentes que vinham vê-la e que nem sequer telefonam mais, porque ela,
já sem a sua capacidade de ouvir, às vezes, precisa insistir pedindo: “Pode falar de novo? Perdão: eu não entendi!”
Novamente aqui, do alto de sua sabedoria, ela novamente me dá uma lição preciosa, meio que dizendo: “Sabe? Ser gentil, humano, sábio e educado” não tem nada a ver com estudar em colégios renomados, ter fotos de formatura, currículos e uma bela educação formal.
Então ela disse, laureando a lição que eu talvez precisasse receber para aprender um pouquinho mais: “SABEM? O QUE TODAS AS PESSOAS TALVEZ NÃO SAIBAM – É QUE EU NÃO SOU CULPADA POR NÃO CONSEGUIR MAIS OUVIR, E POR TER CHEGADO À IDADE QUE EU TENHO. …MAS NÃO SOU EU QUE DECIDO ESTAS COISAS…” e lentamente fechou os olhos e voltou a cochilar”.
Então eu pensei comigo e do fundo de mim eu me disse; “Vida, minha, quantas gracias eu lhe dou?! Quanta coisa eu tenho aprendido como você! Vida minha!”
Autor: Jose Carlos Vitor Gomes
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