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A importância de um Pai

O sentido da presença

O Psicólogo Bert Hellinger percebeu que a presença do pai não é apenas biologicamente necessária, que a ausência dele pode ser tolerada ou suportada, mas quando ela não existe, teremos provavelmente duas coisas: a manifestação da agressividade em grupo e tendência ao uso de drogas que compensa e dá uma falsa sensação de poder e de força.

Os novos modelos familiares são diferentes dos mais antigos devido às mudanças sociais que contam com mais separações, com a rápida formação de novos lares e o surgimento de irmãos que aparecem ao longo do caminho proveniente de novos relacionamentos e as pesquisas revelam a importância da figura paterna para o desenvolvimento da criança e sobre como ela é importante para a saúde da criança.

Não se trata da necessidade real da proteção às vezes, mas da uma necessidade neurológica e/ou biológica da simples presença. O pai pode estar distante fisicamente mas o campo que une a família, faz com que eles estejam ligados ou energeticamente vinculados.

Foi feita nos EUA uma pesquisa baseada em respostas observadas inicialmente em animais, e a investigação apontou para o fato de que a falta de uma figura paterna bem estabelecida pode prejudicar o desenvolvimento social e comportamental da criança e que que ela pode se tornar mais agressiva, (talvez para se defender sozinha) e a deixa mais suscetível ao uso de drogas talvez para ficar mais corajosa e incorporar simbolicamente a força que falta do pai.

Os resultados sugerem que quando os animais sociais, assim como os humanos ficam afastados de figuras paternas, há uma série de sintomas que tendem a se manifestar como, por exemplo: os indivíduos do sexo masculino ficam mais agressivos, mais refratários ao contato social. As fêmeas se tornam sensíveis aos estímulos externos, manifestando, em ambos os casos reações de desamparo facilitando vínculos prematuros e envolvimentos como forma de proteção.

Revela ainda que esta privação do pai trás uma piora no desenvolvimento do córtex pré-frontal do cérebro que é a região que controla a impulsividade e a agressividade humanas, em outras palavras: criança sem pai ou com pais enfraquecidos são mais violentas, mais agressivas e ficam mais vulneráveis às drogas e à delinquência.

É possível que evolução biológica do homem ainda não tenha tido o tempo necessário para se adaptar a estas recentes mudanças sociais velozes e que isto venha criando um descompasso adaptativo entre a vida real e a evolução, afirmam os especialistas.

A pesquisa demonstra que o núcleo familiar, ao que tudo indica, só é adaptativo quando as figuras dos cuidadores ocupam papéis claros e complementares, (ou seja; eles precisam estar juntos) o que resulta em um melhor desenvolvimento geral da criança.

Entre os problemas da falta da figura paterna temos uma piora na interação e convivência social. As meninas apresentaram maior risco de desenvolvimento de abuso de álcool e outras drogas e, tanto meninos quanto meninas, igualmente aumentaram o nível de comportamento de risco, sendo mais hostis e agressivos em relação aos outros e o abuso de drogas.

Curiosamente, a figura do pai ou de alguém que possa exercer o papel de uma figura de apego e proteção sempre será importante, pois se trata de uma necessidade cerebral, biológica e psicológica.

Temos em nosso cérebro um sistema automático e primitivo que opera nos fazendo buscar a proteção de alguém mais forte. Esse instinto pode ser visto também nos animais e explica o fato deles andarem em bandos, pois juntos ou com o grupo, a alimentação, o acasalamento e a proteção se dão de forma mais segura e garante a sobrevivência.

Entre os humanos da mesma forma, quando crescemos, também buscamos instintivamente o apoio e proteção de nossos pais e na sua ausência, as crianças tenderão a buscá-la em outras pessoas ou em outras fontes e se expõem.

Caso não existam figuras paternas disponíveis para a criança se sentir protegida, uma coisa interessante acontece; as crianças abandonadas e negligenciadas tentam compensar isto andando em bando. Na adolescência eles buscam aglomerados de pessoas e assim podem cometer delitos, perseguir e agredir pessoas como nas torcidas organizadas.

Desta forma o grupo inconscientemente se transforma num cuidador simbólico maior, transmitindo aos seus membros a sensação de proteção tão almejada. O grupo é uma entidade simbólica que atua como um campo e trás uma sensação de proteção que pode ser irreal, mas que atua.

É provável que o agravamento da ausência dos pais cada vez mais ocupados e sem tempo façam com que os heróis dos videogames e da TV assumam esse papel e como não sabemos o impacto destas figuras virtuais entre nós e é melhor ficarmos atentos.

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José Carlos Vitor Gomes Psic.

José Carlos Vitor Gomes Psic.

Atua como psicoterapeuta, psicoterapeuta familiar e de casal desde 1979. Fez cursos de especialização nos Estados Unidos, Argentina, Colômbia, Itália e no Brasil. Foi um dos pioneiros na divulgação da psicoterapia familiar no Brasil. Foi organizador de 53 eventos com celebridades nesta área com a participação de mais de vinte mil profissionais brasileiros.

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