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Como ter um relacionamento feliz – Parte II

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É um blog sobre psicoterapia, filosofia, arte e o sentido da vida para passar um conteúdo dinâmico e diário, para troca de conteúdos que possa ser terapêutico.

Como ter um relacionamento feliz – Parte II

O que fazer para terem um bom relacionamento com a pessoa que você ama? Eu começaria enfatizando que o conceito de felicidade é um pouco utópico e que, na verdade, é possível ter um bom relacionamento sem esperar que ele seja um paraíso feliz porque isto de fato não é real e nem possível.

A sensibilidade

Um precisa ser sensível com as preocupações e os pontos vulneráveis do outro e isto pode reduzir sofrimentos bobos e desnecessários. Embora algumas pessoas tenha mais sensibilidade do que outras, trata-se de uma qualidade que pode ser cultivada. Se o parceiro reagir de forma exagerada ao que você faz, ao invés de ser crítico, imagine quais motivos podem estar fundamentando as suas reações.

Procure conhecer com delicadeza os temores e as preocupações mais íntimas dele ou dela! Tente não invadi-lo. Evite tocar em coisas que ele ou ela não gosta de falar. Resista à tentação de atribuir à reação exagerada, um traço indesejável de caráter, como; impulsividade e coisas do tipo “Você está sendo impulsivo” ou relacionadas com a necessidade de controle, como: “não se irrite!”, “não precisa ficar nervoso”, “controle-se!”, “Parece de reclamar!” e etc.

Nenhuma destas observações ajudarão em nada na construção da paz nas relações do casal e as reações do outro podem ser justificadas por vulnerabilidades ocultas que precisam ser respeitadas.

A compreensão

Não se esqueçam da compreensão que é semelhante à sensibilidade, mas implica em outras qualidades. Quando o parceiro fala de um problema, ele pode se sentir compreendido sem ter de explicitar todos os pormenores. Compreender significa ver os episódios com os olhos do outro.

A compreensão mútua é uma das primeiras qualidades que ficam afetadas nos conflitos conjugais e se manifestam com queixas tais como: “Simplesmente não entendo porque ele ou ela age dessa forma.”

Parte das dificuldades na compreensão está no fato de que os casais em conflito atuam em desacordo com o seu lado mais amoroso, assumem posturas rígidas e tentam desconsiderar as atitudes do outro. As coisas se agravam porque, intensificando os conflitos, eles começam a interpretar mal as ações do outro e os erros acumulados de interpretação liquidam com toda e qualquer possibilidade de entendimento.

Todas as interpretações são sempre erradas e não ajudam em nada, elas desqualificam o outro e ainda levam o casal para as “metacomunicações” que é a comunicação sobre a comunicação ou a fala sobre a fala do outro, o que é um elemento altamente adoecedor para as relações.

O companheirismo

Um outro aspecto é o companheirismo que é muito presente no início do relacionamento, mas parece se dissipar com o tempo. Companheiro é aquele com quem “dividimos o pão”, “com panis” no Latim, mas é com quem compartilhamos quase tudo. Na medida que os dois se preocupam com problemas práticos como dinheiro, contas, cuidado com os filhos ou a ordem da casa, tendem a passar menos tempo juntos e a qualidade do tempo juntos também piora.

A qualidade do tempo que passam juntos é boa quando eles descansam, desfrutam do lazer, riem, conversam, viajam, se amam e crescem juntos.

O companheirismo é essencial para o relacionamento e pode ser aperfeiçoado com um bom planejamento. Isto implica em fazer atividades de que os dois gostam, como: viajar, decorar a casa, ir a um teatro, ler e etc. Tudo precisa ser planejado com antecedência para que os projetos não choquem com as tarefas da vida dos dois.

Eles precisam estar juntos durante certos momentos do seu dia-a-dia, por exemplo, sentarem juntos para verem um filme, passeios, academia, partilharem rotinas domésticas como lavar louças e limpar a casa e também isto melhora a relação e o companheirismo.

A intimidade

A intimidade do casal oscila desde a discussão de detalhes da vida cotidiana, à confissão de sentimentos íntimos sobre os quais só falariam para si mesmos, até o relacionamento sexual propriamente dito. Em certo sentido, a intimidade é um subproduto do desvelo, da aceitação, da sensibilidade e da compreensão. Ao mesmo tempo ela pode ser debilitada pelos desentendimentos e as críticas, pelos julgamentos, as acusações e as insensibilidades.

Quando os casais são críticos e ásperos, quando se interpretam e se julgam, quando são punitivos ou controladores, eles perdem a intimidade. Quando perdem a intimidade por causa de brigas, com ela se perde uma força importante para o casamento, a relação se enfraquece e aparecem sintomas como: a perda do desejo e do interesse íntimo de um pelo outro com todas as consequências secundárias que deles decorrem.

A amizade

No que se refere à Amizade, ela se associa ao interesse real e genuíno que um tem pelo outro como pessoa. Essa qualidade parece se tornar por vezes unilateral, ou seja, apenas um valoriza a amizade e é o verdadeiro amigo, outras vezes ela é abafada completamente na maioria dos casamentos.

Pesquisas mostram que as mulheres não consideram o marido seu melhor amigo, que muitas vezes é uma “melhor amiga” que desempenha esse papel. A maioria dos homens, por outro lado, considera a esposa a sua melhor amiga. Você pode cultivar a amizade se centrando em seu companheiro como pessoa, extraindo dele ou dela o que mais lhe interessa e construindo a amizade enfatizando as delicadezas.

Entre o dar e o receber

As cortesias, os presentes e os agrados são cruciais para um relacionamento sério ou um casamento feliz, mas o prazer deve ser mútuo, ou seja, você pode propiciar satisfação ao outro dando presentes ou agradecendo enfaticamente o que você recebe e o outro deveria fazer a mesma coisa.

Às vezes, você tem que se livrar de hábitos antigos e cultivar algo novo, agregando a sua capacidade de ser gentil e surpreendente. O equilíbrio entre o dar e o receber é essencial para a saúde das relações. Quando você oferece algo e o outro toma o que você ofereceu, isto cria no outro uma tensão de retribuição e o dar e o receber se equilibram em todos os sentidos para melhorar a relação.

Sobre o apoio mútuo

Finalmente, precisamos nos centrarmos na questão do apoio mútuo que é algo dá um sentido de que se é digno da confiança do parceiro, e assim seremos um para o outro como uma rocha onde se pode apoiar com segurança em momentos difíceis.

Talvez alguns subestimem o valor simbólico de se estimular o parceiro quando ele está triste, desanimado, ou de ajudá-lo a resolver seus problemas quando estes parecem se tornar insuportáveis. Ir em socorro do outro em momentos de necessidade pode ter um significado enorme, demonstrando-lhe que você está à disposição para ajudá-lo “caso precise”.

Ao contrário do que dizem alguns, as pessoas precisam umas das outras e esta é a base do amor. Os parceiros são essenciais e se não se fossem não ficariam juntos e é por isto que o dar e o tomar é tão importante. O dar e o receber está nas bases da intimidade, não tem nada a ver com a dependência e o parasitismos das relações sem amor.

Alguns são mais frios e quando o cônjuge quer buscar, novas metas e desafios. A hesitação em assumir uma postura de apoio pode debilitar o senso de iniciativa, aniquilar os sonhos e a capacidade dos que desejam crescer e que assim poderiam dar um sentido novo ao amor e à vida.

Fontes: Dr. Aaron Beck, Viktor Frankl e Bert Hellinger em palestras e livros

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José Carlos Vitor Gomes Psic.

José Carlos Vitor Gomes Psic.

Atua como psicoterapeuta, psicoterapeuta familiar e de casal desde 1979. Fez cursos de especialização nos Estados Unidos, Argentina, Colômbia, Itália e no Brasil. Foi um dos pioneiros na divulgação da psicoterapia familiar no Brasil. Foi organizador de 53 eventos com celebridades nesta área com a participação de mais de vinte mil profissionais brasileiros.

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